Presidente
Michel Temer, Presidente do Senado Federal Renan Calheiros e o
Presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Rodrigo Maia, durante
coletiva de imprensa no Palácio do Planalto - 37/11/2016 (Beto
Barato/PR/Divulgação)
Presidente disse que arbitrava
conflito ‘administrativo’ quando foi gravado de modo ‘indigno’ por
Calero e que pretende passar a gravar o seu gabinete
VEJA
O
presidente Michel Temer concedeu uma entrevista coletiva neste domingo,
organizada de última hora para tentar amenizar a crise que se abateu
sobre o seu governo com a denúncia, feita pelo ex-ministro da Cultura
Marcelo Calero, de que se envolveu pessoalmente no caso em torno do
apartamento de outro de seus ex-ministros, Geddel Vieira Lima, derrubado
pela suspeita de ter pressionado Calero a liberar a construção de um
edifício próximo a uma área tombada de Salvador, no qual adquiriu um luxuoso apartamento.
Para
reforçar a ideia de que age com lisura, Temer anunciou que pensa em
passar a gravar todas as conversas realizadas no gabinete da
Presidência. A crise se tornou mais grave na semana que passou pela
notícia de que tramita no Congresso Nacional uma emenda parlamentar
para anistiar o chamado caixa dois de campanha eleitoral,
cuja aprovação foi negada tanto por Temer quanto por Renan Calheiros e
Rodrigo Maia, presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, também
presentes à coletiva.Temer ainda falou sobre a outra crise, a econômica,
e disse que resultados animadores são esperados apenas para o segundo
semestre de 2017.
“Agradeço
a pergunta porque é o primeiro momento em que posso esclarecer essa
questão”, disse Temer, ao ser questionado sobre a gravação que Marcelo
Calero teria feito da conversa em que teria sido cobrado pelo presidente
para encaminhar a questão da obra de Salvador à Advocacia Geral da
União (AGU), que, segundo o ex-ministro da Cultura, daria um parecer
favorável ao Iphan nacional, que, ao contrário do Iphan da Bahia, é a
favor da liberação do prédio onde Geddel comprou apartamento. “Ele
parece que gravou a conversa. Com toda a franqueza, acho que gravar
clandestinamente é algo irrazoável. Eu diria que é indigno, de uma
indignidade absoluta. Um ministro gravar o presidente da República é
gravíssimo. E, se gravou, espero que logo venha a luz. Os senhores sabem
que sou cuidados com as palavras”, disse.
“Eu
estava arbitrando um conflito de ordem administrativa, entre dois
órgãos públicos. O Iphan da Bahia tinha uma posição e o nacional, outra.
Então, eu disse, mande para a AGU. Não estava patrocinando nenhum
interesse privado, data vênia”, afirmou Temer, em seu linguajar de
advogado.
“Estou
pensando em pedir, não é uma decisão ainda, ao Gabinete de Segurança
Institucional que grave todas as audiências do presidente da República”,
acrescentou depois. A acusação de Calero levou a oposição a falar em um
processo de impeachment de Michel Temer.
Sobre
as temidas delações premiadas de executivos da construtora Odebrechet,
Temer disse que não se pode ser “ingênuo” de não as recear. “Claro que
fala que vai alcançar 100, 150 pessoas da classe política, claro que há
uma preocupação de ordem institucional. Claro que há, não poderíamos ser
ingênuos.”
Por
fim, defendeu o governo dizendo que “nunca houve lua de mel” com a
opinião pública e a sociedade — “nunca houve lua de mel”, disse, poético
— e que é preciso conquistar esperança e depois confiança para mudar o
quadro econômico. Também disse que tem conversado sobre a possibilidade
de redução na taxa básica de juros. “Eu vejo que eventuais resultados se
darão lá pelo segundo semestre do ano que vem.”
Fonte: Blog do Magno
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