A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (21) nos Estados de
Pernambuco e de Goiás a “Operação Turbulência” que culminou com a prisão
de quatro pessoas, entre elas os supostos donos da aeronave que se
acidentou no litoral paulista em agosto de 2014 e matou o então
candidato a presidente da República Eduardo Campos e mais seis pessoas.
De acordo com a PF, Apolo Santana e João Carlos Pessoa de Melo Filho,
que seriam os donos do avião, participavam de um suposto esquema de
lavagem de dinheiro, que atuava nos dois estados, o qual teria
movimentado mais de R$ 600 milhões entre 2010 e 2014.
A investigação se iniciou a partir da análise das movimentações
financeiras das empresas que teriam comprado a aeronave Cessna Citation
PR-AFA, que se acidentou com o ex-governador pernambucano.
Segundo a PF, algumas dessas empresas eram fantasmas, não funcionavam
no endereço indicado e estavam em nome de “laranjas”. Elas faziam
transações entre si e também com outras já investigadas pela “Operação
Lava Jato”.
A Polícia Federal viu claros indícios de que parte do dinheiro “lavado” foi doado para campanha de políticos pernambucanos.
Das cinco prisões preventivas solicitadas pela PF, quatro foram
efetuadas: João Carlos Lyra Pessoa de Melo Filho, Eduardo Freire Bezerra
Leite, Apolo Santana Vieira e Artur Roberto Lapa Rosal. A Polícia não
encontrou Paulo César Barros Morato, agora considerado foragido.
Ao todo, foram expedidos 55 mandados judiciais, dos quais 33 de busca e apreensão e 22 de condução coercitiva.
Os presos foram levados à Polícia Federal para prestar depoimento de
depois conduzidos para o Cotel, no município de Abreu e Lima. Eles vão
responder pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e
falsidade ideológica.
João Carlos Pessoa de Melo Filho e Eduardo Bezerra Leite foram presos
quando desembarcavam no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo e Apolo
Santana numa academia de ginástica, em Boa Viagem, no Recife. Com
Bezerra Leite, que viajaria para Miami, a PF apreendeu 10 mil dólares em
espécie.
Também foram apreendidos quatro automóveis de luxo, entre eles um
Porshe, um Land Rover e um Audi, além dois helicópteros e um avião,
avaliados em R$ 9 milhões.
Segundo as investigações, a construtora OAS, contratada para fazer um
serviço de terraplanagem nas obras de transposição do rio São
Francisco, repassou R$ 18,8 milhões à empresa fantasma Câmara
Vasconcelos, que adquiriu a aeronave que se acidentou com Eduardo
Campos.
Um dos intermediários da operação, de acordo ainda com a PF, teria
sido o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB), supostamente encarregado
de arrecadar recursos para a campanha do então governador à reeleição
(2010).
Foram investigadas, entre outras, as empresas Bandeirantes Pneus, AF Andrade e Câmara Vasconcelos, todas com sede em Pernambuco.
A delegada Andrea Pinho, em entrevista à TV Globo, confirmou a
participação de “políticos” no esquema, mas negou-se a citar
nominalmente o senador porque ele já é investigado na “Lava Jato” e tem
prerrogativa de foro (Supremo Tribunal Federal).
Fonte: Blog do Inaldo Sampaio
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