Já existem documentos em posse da
Procuradoria-Geral da República que revelam que a presidente afastada,
Dilma Rousseff, tinha conhecimento do teor das negociações envolvendo
interesses políticos na compra da refinaria de Pasadena, antes da
reunião do Conselho de Administração da Petrobras que aprovou o negócio.
A informação é de Merval Pereira.
Os envolvidos na venda de Pasadena
trocavam mensagens em uma rede de e-mails do Gmail que não era
rastreável, pois as mensagens ficavam sempre numa nuvem de dados, sem
serem enviadas. Numa dessas mensagens, na véspera da reunião decisiva,
há a informação de que “a ministra” já estava ciente dos arranjos dos
advogados.
Em outras mensagens, há informações
sobre pagamentos de itens pessoais da presidente pelo esquema montado na
Petrobras, como o cabeleireiro Celso Kamura, que viajava para Brasília
às custas do grupo. Cada ida de Kamura custava R$ 5 mil. Há também
indicações de que um teleprompter especial foi comprado para Dilma sem
ser através de meios oficiais, para escapar da burocracia da aquisição.
O pedido do advogado da presidente
afastada para incluir no processo do impeachment em curso no Senado os
áudios gravados pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado é um
tiro no pé da defesa, pois amplia o escopo das acusações para incluir a
Lava-Jato. O relator, o tucano Antonio Anastasia, fez um favor a José
Eduardo Cardozo recusando o pedido, pois ele poderia fazer com que a
bancada do atual governo levasse para o processo gravações de Lula com o
mesmo objetivo de cercear as investigações da Lava-Jato.
Na reunião da comissão do impeachment
ontem, essas gravações de Lula já apareceram nos debates e, se o escopo
da denúncia fosse ampliado, poderiam entrar as contas de 2014 e as
denúncias do ex-senador Delcídio Amaral sobre tentativas da própria
Dilma Rousseff de libertar empreiteiros presos.
A nomeação do ministro Marcelo Navarro
para o STJ, com o objetivo de libertar Marcelo Odebrecht, foi confirmada
pelo próprio nas tratativas para sua delação premiada, dando veracidade
ao relato de Delcídio.
Está claro, com a tentativa de anexar
aos autos as gravações de Sérgio Machado sobre a Lava-Jato, a vontade de
limitar a acusação às pedaladas de 2015 e aos decretos não autorizados
pelo Congresso para dificultar a acusação e o desejo de ampliar o raio
de ação da defesa para dar ares de verdade à acusação de golpe.
Se o chamado conjunto da obra do governo
Dilma entrasse na roda do julgamento, com todas as acusações que estão
sendo reveladas agora, não haveria como defender a presidente afastada.
Fonte: Blog do Nill Junior
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