Em jantar com aliados, Collor chamou Ulysses de senil e expôs ira contra impeachment
Rodrigo Vizeu – Folha de S.Paulo
Um
jantar em que Fernando Collor proferiu palavrões contra adversários se
tornou símbolo da ira presidencial contra o impeachment.
Na
noite de 16 de setembro de 1992, a duas semanas do afastamento, o
encontro regado a leitão assado e uísque reuniu cerca de 60 deputados e
quatro senadores de uma base governista que se esvaía na casa do
deputado Onaireves Moura (PTB-PR).
Em seu discurso, Collor, segundo relatos, chamou oposicionistas de “cagões” e “bundões”.
Classificou Ulysses Guimarães (PMDB-SP) de “senil, esclerosado e bonifrate de interesses de grupos econômicos de São Paulo”.
Ao
presidente da Câmara, Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), que aceitara o pedido
de impeachment, coube a acusação de “canalha, escroque e golpista
imoral”.
Collor já chamara antes a tramitação do pedido de “golpe” por supostamente não lhe garantir direito de defesa.
Ele
atacou no jantar ainda seu antecessor José Sarney e a filha dele,
Roseana, que articulava pelo afastamento. “Sarney e a família são
ladrões da história.”
Sobrou
para a imprensa, que relatava os escândalos. “Essa imprensa de merda.
Esses cagalhões vão engolir pela boca e pelo outro buraco o que estão
falando contra mim.”
Sobre o impeachment, Collor cerrou os punhos e gritou: “Não passará!”.
Aliados minimizaram o destempero:
“Ele falou como um homem, não como presidente” disse o senador Ney Maranhão (PRN-PE).
O porta-voz da Presidência, Etevaldo Dias, negou que o presidente estivesse “desesperado” e que se tratou só de um “desabafo”.
Ulysses reagiu: “Quando acaba a razão começa o grito. É a insânia”.
“Se
tudo isso é verdade, é uma demonstração do descontrole do presidente.
Ao invés do impeachment, é hora de se pedir a interdição de Collor”,
disse José Genoino (PT-SP).
Fonte: Blog do Magno
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