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Método de ‘retreinamento’ celular, por ora, serve apenas para leucemia
RIO - Uma terapia que recicla o sistema imunizante do organismo para
combater certo tipo de câncer provocou emoção depois de mais de 90% dos
pacientes com doenças terminais supostamente terem entrado em remissão.
Segundo a “BBC”,
os glóbulos brancos foram retirados de pacientes com leucemia,
modificados em laboratório e depois colocados de volta. Em detalhe: (1)
células-T do próprio paciente são extraídas do sangue; (2) elas sofrem
uma reengenharia recebendo um anticorpo específico que identifica
células cancerosas; (3) essas células modificadas são cultivadas em
laboratório e armazenadas em ambiente congelado; (5) o paciente
submete-se a quimioterapia para exaurir suas células-T não alteradas;
(4) por fim, as células modificadas são transfundidas para o sangue do
paciente para lutar contra o câncer.
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Mas
os dados ainda não foram publicados ou revisados e há relatos de que
dois pacientes morreram em função de uma resposta imunológica extrema.
Espera-se que a descoberta detalhada e a descrição dos testes sejam
publicados ainda este ano.
Especialistas disseram que o experimento foi emocionante, mas ainda representa só um pequeno passo.
A notícia foi divulgada no encontro anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência, em Washington D.C.
O cientista-chefe, Prof. Stanley Riddell, do Fred Hutchinson Cancer
Research Centre, em Seattle, disse que todos os outros tratamentos
tinham falhado nestes pacientes e eles tinham apenas dois a cinco meses
de vida.
Ele disse na conferência que: “Os primeiros dados são sem precedentes”.
RE-TREINAMENTO
No ensaio, as células do
sistema imunizante chamada “células-T assassinas” foram retiradas de
dezenas de doentes. Tais células normalmente agem como bombas destruindo
tecido infectado.
Os pesquisadores modificaram geneticamente as células-T para projetar
um novo mecanismo de segmentação — com o nome técnico de “receptores
quiméricos de antígenos” — para curar casos de leucemia linfoblástica
aguda.
O Prof. Riddell disse à “BBC”: “Essencialmente, o que este processo
faz é geneticamente reprogramar a célula-T para procurar e reconhecer e
destruir células tumorais do paciente.
Os pacientes estavam realmente no fim da linha em termos de opções de
tratamento e, mesmo assim, uma dose única desta terapia colocou mais do
que 90% dos pacientes em remissão completa, situação em que não se pode
detectar qualquer destas células de leucemia”.
Em dois outros testes clínicos envolvendo 40 pacientes com linfoma
não-Hodgkin ou leucemia linfoide crônica, mais de 80% deles responderam
ao tratamento. Cerca de metade deles têm estado em remissão completa por
mais de 18 meses, diz o “Independent”.
Mas pelo menos um especialista em câncer declarou ainda se sentir no
escuro sobre o significado completo do estudo já que os dados não estão
disponíveis.
Também sete dos pacientes desenvolveram casos tão graves de síndrome
de libertação de citocinas que necessitaram de cuidados intensivos.
Enquanto essas probabilidades possam ser aceitáveis em casos
terminais de câncer, os efeitos secundários são muito maiores que os de
tratamentos convencionais de leucemia, como quimioterapia e radioterapia
— que funcionam na maioria dos pacientes.
Há também uma grande diferença entre o uso de tais abordagens em um
câncer de sangue, como a leucemia, e em tumores “sólidos”, como o câncer
da mama.
O Dr. Alan Worsley, do Cancer Research UK, disse que, embora esse
campo de estudos seja incrivelmente emocionante, “este é apenas um passo
de bebê”.
Ele disse à BBC: “Nós estamos já estamos trabalhando por um tempo
usando este tipo de tecnologia de reengenharia genética de células. Até
agora ela tem realmente mostrado alguma promessa neste tipo de câncer do
sangue. Devemos dizer que, na maioria dos casos, o tratamento padrão
para o câncer de sangue é bastante eficaz, por isso este novo é para
aqueles pacientes raros em que não funcionou. O verdadeiro desafio agora
é como é que vamos fazer este método funcionar para outros tipos de
câncer. Como é que vamos fazê-lo funcionar para os que são conhecidos
como tumores sólidos, ou câncer no tecido?”
Fonte: O Globo.
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