O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
afirmou que "provavelmente" não decidirá, hoje, se irá deferir ou não os
principais pedidos de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT)
protocolados na Casa. De acordo com o peemedebista, o anúncio deve ser
adiado para que sua decisão sobre os pedidos de afastamento da petista
não seja confundida com as denúncias de que ele teria recebido R$ 45
milhões do BTG Pactual para aprovar emenda à Medida Provisória que
beneficiava a instituição financeira.
"Vou me debruçar sobre isso, mas, obviamente, esse assunto aqui
(denúncia de favorecimento ao BTG em emenda à MP) tem que primeiro ficar
muito bem claro, para não confundir a minha decisão com esse assunto",
afirmou em entrevista coletiva. Para ele, o fato de ele ter anunciado na
última quinta-feira, 26, que iria decidir hoje sobre os pedidos de
saída de Dilma pode ter motivado o vazamento da denúncia contra ele.
"Então, provavelmente eu não decidirei hoje em função disso, mas é minha
intenção decidir", emendou, sem dizer quando deverá fazer o anúncio.
Como divulgado ontem na imprensa, documento colhido em buscas feitas
na casa de Diogo Ferreira, assessor do líder do governo no Senado,
Delcídio Amaral (PT-MS), cita pagamento feito a Cunha para aprovar
emenda em MP que beneficiaria o BTG Pactual, de André Esteves. O
banqueiro e o senador foram presos na última quarta-feira, 26, sob
acusação de estarem tentando atrapalhar as investigações da Operação
Lava Jato. O texto aparece no verso de um documento que seria o roteiro
de uma das reuniões em que Delcídio tentou comprar o silêncio do
ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.
"Em troca de uma emenda à medida provisória número 608, o BTG
Pactual, proprietário da massa falida do banco Bamerindus, o qual estava
interessado em utilizar os créditos fiscais de tal massa, pagou ao
deputado federal Eduardo Cunha a quantia de R$ 45 milhões", diz o texto.
Ainda segundo o escrito no documento: "Pelo BTG, participaram da
operação Carlos Fonseca em conjunto com Milthon Lyra. Esse valor também
possuía como destinatário outros parlamentares do PMDB. Depois que tudo
deu certo, Milton Lyra fez um jantar pra festejar. No encontro tínhamos
as seguintes pessoas: Eduardo Cunha, Milton Lyra, Ricardo Fonseca e
André Esteves".
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